A vida é um grande parque de diversões. Você já percebeu?

Independente da sua idade, nacionalidade, sexo, cultura, crenças e valores, uma coisa é certa: estamos todos no mesmo barco parque.

Tem correria, fila pra todo lado. Gente comendo, gente descansando, gente desmaiando. Gente sorrindo, com semblante de encantamento. Gente com cara de quem queria estar em outro lugar. Famílias juntas, casais, turma de amigos.
E tem inúmeras atrações…

Quer ver? Vamos dar uma voltinha!

 

Atração 1: Um dia você está ótimo, com uma visão incrível do panorama geral. É capaz de sonhar, visualizar várias coisas, situações e pessoas com clareza. Está tudo maravilhoso. Ainda que parado, você se sente perto do céu, e não há limites para sua alegria. Tudo parece estar no lugar certo. Está tudo ma-ra-vi-lho-sa-men-te perfeito. A temperatura, a vista, sua posição, seu estado de espírito. Você se belisca bem forte e solta um grito de dor: uau, é real! Finalmente você está onde acha que merece! E pensa consigo mesmo que você fez por merecer! Seu trabalho e suas ações foram reconhecidos e a justiça se fez na Terra!
Mas eis que você sente um leve tranco e toda a estrutura começa a se mexer. Você, inadvertidamente, sente estar num movimento descendente. Lento, constante e… descendente!
Mas como pode? Você, que estava fazendo tudo certo! E mal pode saborear o vento batendo na sua face lá de cima! À medida em que vai descendo, sua mente entra em parafuso, e você já não é mais dono dos seus pensamentos. Eles criaram vida própria e comandam sua cabeça durante toda a descida. Ao chegar lá embaixo, você é capaz de ver coisas, situações e pessoas por um novo ângulo. Não tão confortável como o anterior. Nem com toda aquela sensação de liberdade. Mas, aos poucos, você vai se acostumando. E quando se convence de que está tudo bem, que agora as coisas mudaram e aquela é sua nova realidade, você sente o tranco novamente. O movimento recomeça, você sente medo da subida, entra em pânico por ter de deixar o conhecido, reclama, se revolta, se debate… e então descobre estar na Roda Gigante.

Atração 2: Você se sente em movimento constante. No começo, aprecia a viagem, olhando tudo ao redor com curiosidade e até uma sensação de descoberta. As pessoas ao seu redor parecem cada vez mais familiares. O tempo vai passando, e elas parecem sempre estar ali com você e pra você. Tudo vai ficando confortável… até demais.
De repente olhar pra paisagem já não parece tão divertido. Ao se dar conta de que nada muda, você chega a sentir uma certa vertigem. Certifica-se de que não está sozinho. Ufa! As mesmas pessoas de sempre continuam bem ali pra você.
Sua mente roda, avalia os dados, junta os pontos e… bingo! Embora em movimento, você chega à conclusão de que esteve o tempo todo andando em círculos, vendo e revendo a mesmíssima lição.
Você está no Carrossel. E enquanto não se conscientizar de que é você quem deve mudar suas lentes e começar a ver o mundo de outra forma, a vida permanecerá girando em círculos, te dando mais do mesmo, sem que você saia do lugar.

Atração 3: Embora enorme, a fila anda rápido. Alguns amarelam na última hora. Mas não você! Se até crianças encararam o desafio, desistir, pra você, não é uma opção.
Você sabe que a experiência vai te deixar sem chão, te virar de cabeça pra baixo, e alguns eventualmente irão botar seus bofinhos pra fora. “Mas não eu”, você pensa. Você paga o preço. A altura é grande, a descida íngreme como uma parede. O sobe e desce é tão rápido que você não tem tempo de apreciar a paisagem, de entender o que está acontecendo, ou de se lembrar quem é você.
Em alguns momentos, você fecha os olhos e somente sente a brisa no rosto. Falta ar, falta voz, falta coragem pra prosseguir, falta… é falta, seu juiz!
Mas você já está lá, não há escapatória. É, você escolheu estar ali. Não se lembra muito bem por que, mas que escolheu, escolheu. A sorte é que tudo passa tão rápido, em alta velocidade, que periga você nem se lembrar de nada – ainda mais depois daqueles segundos em que ficou desmaiado. A experiência acaba, e você sai, trocando as pernas. Não sabe bem o que aconteceu, nem exatamente onde esteve, ou o que te levou a fazer aquilo, mas fica feliz por ter acabado bem e estar vivo. Quando tudo chega ao fim, você se sente atraído por passar por tudo aquilo de novo. E volta pra fila, sem saber bem o motivo. Em busca de mais adrenalina, você se esquece de avaliar se a experiência realmente te interessa e se ela te faz bem ou não, e entra novamente na fila. Você está viciado na Montanha Russa.

Atração 4: Você embarcou nessa e não sabe bem o motivo – simplesmente viu todo mundo indo naquela direção, aquela fila enorme… com tanta gente interessada, indo pro mesmo lado, buscando a mesma coisa, logo brilhantemente concluiu: só poderia ser algo (muito) bom!

Os caminhos são confusos, e a visão do local, bem restrita. Há muros por todos os lados, e as trilhas são solitárias. Você pensa em como isso pode estar acontecendo, já que tanta gente entrou nesta com você. De alguma forma, você sabe que estão todos lá. Indo pro mesmo lugar, do mesmo jeito. Mas não há trocas, não há muito contato. Cada um está preocupado demais em seguir seu próprio caminho, em chegar primeiro, em garantir os louros. Não há diálogo nem partilhas. Tanta gente junta num caminho solitário. Você sente vontade de retornar, mas o fluxo segue e não permite uma mudança fácil e rápida de direção. Você começa a ouvir uma música do David Bowie (clique aqui pra ouvir)… e finalmente se dá conta de que está no Labirinto.

Com qual destas 4 atrações você mais se identifica neste momento?

Seja qual for, lembre-se: um dia, você sentirá uma saudade enorme dessas coisas, olhará pra trás com carinho e então verá que a vida toda não passava de um grande parque de diversões.

*Curta cada momento, não use o fast-pass!



  • Esse texto reflete a vida realmente. Momentos de euforia, alegria, medo, ansiedade…vida louca vida…

  • E eu que sempre tentei fugir de parques de diversão descobri agora que estou dentro de um! Rs
    Faz muito sentido! E que eu permita me divertir mais antes que o parque feche! 🙃

  • Muito bom Aninha, parabéns!!!
    Você conseguiu refletir a vida de forma magestosa!!!
    Como é maravilhoso o sentimento de estar lá no alto da roda gigante!!!!
    Estava nele, agora sinto que estou descendo, desanimando, entristecendo porque sei que esta é a última volta e vou ter que descer.
    Quero encontrar outro brinquedo que me divirta, me faça rir, sentir a vida leve e gostosa!!!!
    Não vou ao carrossel nem na montanha russa!!
    Assim que descobrir qual escolhi, te aviso !!
    Bjs

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