Sempre que eu leio ou ouço o termo “mulher guerreira”, minha alma ricocheteia dentro de meu ser. Porque pra mim mulher é substantivo feminino, e guerreiro é característica masculina.
Somos agregadoras, consoladoras, inspiradoras, acolhedoras… tudo menos seres voltados para guerra, para briga, para separação.
Em casa, somamos, mediamos, ensinamos pelo exemplo.
Quando tentamos nos igualar aos homens, forçando e exacerbando nosso lado masculino, no afã de garantirmos nosso lugar ao sol, e é aí que o desequilíbrio se dá.
Não viemos guerrear, lutar, brigar, e sim apaziguar, somar, incluir. Com nossa sabedoria e inteligência, com a consciência que (como meu marido vive me dizendo) só as mulheres têm.
Penso que este é o verdadeiro poder feminino: aquele que confia na energia do amor e na força intuitiva. Que estende a mão, que ensina a caminhar, que perdoa e apazigua. Que entrega palavras e pausas, na medida perfeita, que acaricia e corrige, que age e espera. Com força e fé na mesma proporção.
Que se ama, se respeita, se honra tanto, que não há como o mundo inteiro não reverenciar esta energia de autoamor, nos devolvendo mais amor, respeito, valorização.*
– Mas Ana, você está delirando! Isso não acontece no mundo!
Certo, isto somente nos será devolvido e espelhado quando reconhecermos a força interior que nos habita (ainda estamos aprendendo a reaver, resgatar e reencontrar este poder feminino). Quando cada uma de nós abdicar da ditadura da mídia e começar a AMAR verdadeiramente quem é, do jeito que é. Sem se culpar, se martirizar, se exigir a perfeição o tempo todo: perfeição como mãe, como companheira, como colaboradora, como filha, como amiga… Perfeição de não ter barriga, não ter celulite, ter uma pele perfeita, um cabelo sem frizz, caber numa roupa tamanho 38, P, x. Perfeição de nunca errar, de ter que fazer tudo por todos, deixando-se em segundo, terceiro, quarto planos. Perfeição de não se permitir exprimir suas vontades, de achar que não pode dizer o que sente, de parar de sentir vergonha de ser quem é.
Se fizermos um balanço interno, encontraremos verdadeiras algozes e péssimas parceiras em nossos diálogos interiores. Estamos escravizadas pelas palavras que nos mesmas proferimos a nós: “você não pode, você não é boa o suficiente, você está feia, gorda, boba”.
Sim, parece coisa de criança, né?
Mas observe bem se você não traz uma “amiguinha chata, praticante de bullying e acusadora” bem aí, na sua mente, que te acompanha o tempo todo, cutucando, machucando, mostrando a você que tudo o que você faz está errado e não tem valor, colocando em dúvida TODOS os seus movimentos, atos e sonhos – desde que você se conhece por gente.
“Seja a mudança que você quer ver no mundo”
Que tal começamos mudando a única pessoa que podemos mudar?
Que tal revermos e revisarmos o script daquela voz que conversa com a gente o tempo todo em nossas mentes?
Perceba se você fala consigo como falaria com sua melhor amiga, utilizando sua energia feminina amorosa e incentivadora. Ou se tem sido sua pior inimiga, botando fogo numa fogueira sem fim de julgamentos, cobranças e apontamentos.
Aí, sim, poderemos começar a pensar em mudar o mundo lá fora e esperar receber mais daquilo que estamos cultivando em nós mesmas e vibrando.
* em tempo: sim, temos em nós todos os outros opcionais, como seres humanos: a raiva, a revolta, a ação, a estratégia. Tudo isto é maravilhoso, faz parte integrante do nosso sistema, e foi feito para nos servir. Veja bem: sentimentos devem nos servir, e não nós a eles.
Possuímos também nossa parcela masculina, linda, perfeita, que nos traz equilíbrio e completude. Assim como o masculino tem em si ternura, tolerância, amorosidade e doçura. Estamos reaprendendo a sermos mulheres completas. Daquelas que reconhecem que podem fazer absolutamente tudo, sem perder a ternura do feminino. Daquelas que recebem abundantemente do mundo aquilo que dão a si mesmas.
4 Comentários para "Você tem praticado bullying consigo mesma?"
Ana, AMEI ….
Compartilhei com todas as mulheres que são especiais pra mim.
Bjos,
Aline
Que lindo, me representa totalmente! Gratidão por nos lembrar que nosso valor não está nos rótulos e esteriótipos. Que a gente aprenda e viva esta liberdade do autoamor e da autoaceitação!
Gratidão!!! 🌹
Que lindo, parece uma carta escrita pra mim, e para muitas outras mulheres que necessitam abrir mão a amiga imaginária chata….kkkk
Gratidão amada.
Sim! Podemos escolher nossas vezes e coaches internas também! Não é maravilhoso?!
Gratidão por sua visita aqui, Angelina!