Antigamente, eu não gostava de mudanças. Na verdade, tinha até muito medo delas quase que a vida toda.
E recentemente, durante cerca de 18 meses passei dia e noite me desconstruindo e reconstruindo.
Morrendo e renascendo.
Todo santo dia.
Cheguei a achar que não aguentaria mais.

Mas foi aí que algo mágico começou a acontecer: eu comecei a ficar amiga da Mudança.
Conversava com ela, ouvia seus pontos de vista (que mudavam todo dia rs).
E então ela me apresentou o Medo, seu companheiro inseparável. Quando olhei nos olhos dele, tive uma enorme surpresa: o Medo tinha muito medo. De tudo. Inclusive da Mudança, sua melhor amiga.
A Mudança brincava, e dizia que tinha o Medo como seu bicho de estimação. Mas me confessou que o Medo, na verdade, não era dela. Era do mundo. Ela só andava com ele para que ele não ficasse de todo desamparado.

Hoje, mais uma vez, o mundo como eu o conhecia está sendo desconstruído.
Mas não, você não verá nada na minha vida física e material sendo alterado.
Novamente, é uma mudança interna – e estas são sempre as mais fantásticas.
Uma nova maneira de me olhar, de encarar as coisas simples da vida, de ver o mundo lá fora e me encantar com os cantos para onde eu escolho olhar.

Hoje a Mudança se vai e minha nova hóspede passa a ser Transformação.
A diferença entre elas? É que a Mudança pode ser “desmudada”, como móveis que trocamos de lugar na sala.
Mas a Transformação é via de mão única: é como a reforma do sofá, que após serrado e encapado, nunca mais voltará a ser o mesmo.
A Transformação já me adiantou que fica por curto prazo: logo se despedirá, e dará lugar à Transmutação.
Por ora, vou servindo chá com bolachas para a Transformação, que tem sido tão amorosa, gentil e generosa comigo.

Photo by Michele Bergami on Unsplash