Entrando na onda do desafio #10yearchallenge
Há 10 anos, eu tinha vários sentimentos mal resolvidos – sobre pai, mãe, família, sobre mim mesma.
Trabalhava com algo que não amava – e ainda não tinha descoberto como colocar amor em tudo que fazemos pode empreender milagres na nossa vida (apesar de ouvirmos isso o tempo todo, pra mim não passava de uma daquelas frases batidas, que consideramos até cafonas).
Dez anos atrás eu vivia me perguntando se a vida era só aquilo mesmo, principalmente na minha carreira. Comecei a trabalhar relativamente cedo, mas me sentia uma fraude no trabalho, como se não estivesse fazendo diferença alguma ali. Por dezenas (e se eu disser centenas sinceramente acho que não estarei exagerando) de vezes, tentei me reinventar no mercado financeiro. Ser diferente, pensar diferente, sentir diferente, fazer diferente.
E a cada tentativa, eu ficava mais distante – e diferente de mim mesma.
Na verdade nada daquilo fazia sentido no meu coração, não me nutria nem trazia alegria para minha alma. Parecia algo mecânico, automático. Entenda-me: o trabalho era sensacional, interessante, maravilhoso – mas não pra mim. Eu sabia que aquilo era perfeito, a carreira dos sonhos de alguém. E que em algum lugar do planeta deveria haver algo que eu amasse fazer, algo que fizesse meus olhos brilharem de alegria e que eu sentisse estar sendo contribuição – para mim, para outras pessoas, para a sociedade.
Há dez anos eu era pura interrogação: muitos porquês, muitas dúvidas, muitas questões sobre mim mesma e sobre o mundo.
Hoje ainda tenho medos, dúvidas, questões. Mas não me incomoda mais não ter resposta pra tudo.
O que aconteceu é que agora sou muito mais exclamação. Posso apreciar, contemplar, viver as experiências sabendo que em todas elas – mesmo naquelas que carimbamos de negativas, há, como diz Napoleon Hill, a semente de um bem equivalente, ou uma Beleza Oculta, como aprendi no filme homônimo.
Ontem eu era interrogação.
Hoje sou exclamação.
Não vou postar uma foto minha aqui porque minhas maiores e mais sensacionais mudanças, transformações e transmutações são invisíveis aos olhos, como bem nos ilustrou o Pequeno Príncipe.
Mas tenho certeza de que quando nos encontrarmos por aí, você será capaz de enxergá-las com seu coração.
Porque seu eu mudei, você mudou também.
Ana Paula Barros