Mesmo que você ainda não tenha percebido!

Como foi pra mim:

Meu chamado não chegou muito claro pra mim a princípio. 

Era uma voz que eu já tinha percebido, que toda hora me perguntava a mesma coisa, e pra falar a verdade, eu já estava de saco cheio daquela pergunta, e quando ela aparecia eu pensava: “ah, caramba, que droga, você de novo?!”.

Eu não sabia que aquela voz não vinha da mente, e sim do coração. Era minha alma ansiando por mais alegria, mais leveza, mais paz, plenitude e diversão na minha vida.

A pergunta vinha toda vez que eu saía da minha estação de trabalho no banco, e ia ao banheiro.
Porque vocês sabem, né? Na loucura do dia a dia do mundo corporativo tirar uns 3 minutinhos pra ir ao banheiro parece algo como encontrar um oásis no deserto rs.

Eu AMAVA ir ao banheiro, porque da janela minúscula que havia lá no toilette feminino, eu podia avistar as árvores da avenida Juscelino Kubitschek (SP), e – mais do que isso – havia um sabiá maroto que cantava com toda a força de seus pequenos pulmões, livre, em total júbilo e apreciação pela vida.

E aquilo realmente mexia comigo: liberdade de ir e vir. Liberdade de se expressar, de voar, de cantar. Além disso eu via pela janelinha pessoas caminhando pelas ruas em plena manhã em dias úteis, às 10, 11 horas, pessoas que não estavam fechadas num escritório, pessoas que tomavam sol, que caminhavam (aparentemente) livres por aí.

“Uau!”, eu pensava. “Como elas conseguem?!”

E a voz que aparecia pra mim toda vez que eu ia ao banheiro trazia a seguinte pergunta: “Ana, o que você quer? Ana, o que você quer?”

Era sempre essa a pergunta. Toda hora, o tempo todo. 

Ela não aparecia o tempo todo, mas toda vez que aparecia, era a mesma pergunta.

E hoje, olhando pra trás, eu sei que era minha alma me perguntando o que eu realmente desejava viver, o que eu gostaria de escolher, com o que eu desejava trabalhar, o que iria fazer meu coração, corpo e alma se sentirem mais vivos, mais íntegros e divinos.
Mas a verdade é que eu apenas me irritava com aquela pergunta, e eu a mandava ir embora.

Nunca eu a respondi. Eu apenas enxotava a questão, e voltava para minha mesa de tralho árduo, itenso e muita vezes automático.

Hoje estou aqui pra te dizer: quando sua pergunta ou sua mensagem surgir, ouça com atenção, pense nela com carinho, reflita e, por favor responda-a! Ela pode ser seu chamado tentando antecipar e colorir AGORA anos de uma vida que seria cinza, dura e sem graça.

Diz aí, você já identificou alguma voz, um recado que sua alma está tentando te passar?