Certo dia, eu me convidei pra jantar. Falei tudo, absolutamente tudo que pensava de mim. Bem na minha cara.
Eu, por outro lado, apenas ouvi.
Respirei fundo enquanto observava minha voz, minhas expressões e como eu buscava estar com a razão. O tempo todo. Sobre tudo.
Enquanto eu gesticulava intensamente me acusando de muitas coisas, eu olhava nos meus olhos, sentia meu perfume, ouvia minha música, viajava na minha energia, acolhendo cada palavra – dita e não dita. Sem me defender, sem me interromper, julgar ou condenar.
Apreciava meu eu, minhas ideias, meus pontos de vista tantas vezes tão contraditórios, me deleitando com a beleza de ser eu mesma e com a magia daquele momento.
Eu falava.
Eu ouvia.
Eu descarregava.
Eu sorria.
Eu soltava.
Eu floria.
Conversa vai, conversa vem, achei por bem pagar a conta, quando percebi que eu mesma não a pagaria. Então resolvi me acompanhar até em casa, para que eu não fosse sozinha.
Caminhei ao meu lado, agora em silêncio. Um silêncio aconchegante e gentil. De quem se conhece há muitas vidas.
Quase chegando na porta de casa, num ato impensado, me aproximei como nunca havia feito antes, e num longo, carinhoso e apertado abraço, me agarrei bem forte, e na mesma hora eu me apaixonei por mim.
E foi ali, no calor, na pureza e na verdade daquele momento que eu prometi me amar por toda a eternidade e nunca mais me abandonar.
O final?
Ah, acho que você já pode imaginar: eu fui feliz para sempre 🙂
̶T̶h̶e̶ ̶e̶n̶d̶
The beginning
Ana
2 Comentários para "O dia em que me apaixonei por mim mesma"
Ah, que texto singelo e lindo! Amei
Que delícia ter te tocado, Eunice!
Gratidão