Não escolher nos leva exatamente aonde não queremos chegar

E então, num belo dia, a gente se reencontrou.

Olhei para ela, parecia abatida, bem cansada. Olhos sem brilho, pele sem vida, alma sem luz.

Perguntei: Como você está?
Ao que ela respondeu um automático e insosso “Tudo bem”.

Pensei em quantas coisas ela não estaria fazendo no automático.

Suas palavras tinham peso, mesmo que ela permanecesse em silêncio.

Já as frases, eram curtas e densas.
Mas era o peso que se sentia nas pausas o que mais me intrigava.
E comecei a me indagar se seria um peso… ou um certo pesar?

Fitei-a nos olhos, e a princípio não encontrei ninguém ali.
Era uma vastidão de nada, onde o tudo parecia abocanhar aquela que era ela.

Por onde será que ela andou? O que fez para chegar naquele estágio de ausência de si mesma? Para onde a alma dela teria se mudado?

Quantas vezes nós nos mudamos para bem longe de casa, para bem longe de nós mesmos, ao escolhermos não promover mudança nenhuma.

Não escolher costuma ser uma péssima escolha. Porque não escolher nos leva exatamente aonde não queremos chegar.

Alguns de nós, neste processo, acabam até montando inconscientemente uma empresa de mudança: sem mudar, mudam para tudo aquilo que não são: trabalham no que não gostam, têm uma casa onde não se sentem em casa, usam roupas que não os representam, vão a festas nas quais nunca se divertem, tiram férias de tudo, menos daquela pessoa que se tornaram – e que é alguém bem longe de ser quem realmente são. Elas mudam tanto, tanto, que num determinado dia, há grandes chances de que não mais se reconheçam.

E fiquei pensando há quanto tempo ela havia tirado ferias da sua essência.
Férias permanentes, sem passagem de volta.

Porque ao embarcar na na viagem dos outros, nos sonhos dos outros, na vida dos outros, nosso real destino se perde.
E o caminho de volta parece ser longo demais, duro demais, difícil demais.
Mas só parece, porque há atalhos pra todo lado, e se quiser mesmo você logo encontra um para sair de onde está.

Então, que a partir de hoje, quando alguém nos perguntar “e aí, tudo bem?” façamos um belo mergulho interno, explorando se realmente está tudo bem. Não para contarmos a história da nossa vida a quem nos fez a ingênua pergunta, mas a fim de aproveitarmos a deixa e respondermos a nós mesmos, com a máxima honestidade possível, se é hora de pegarmos o primeiro atalho de volta à nossa essência.

Tudo bem?



  • Que lindo! Me me vi aí… Quantas respostas e percepções podem vir da reflexão sobre uma pergunta automática, né?! E quanta consciência, quando conseguimos ser transparentes com nós mesmos na resposta… Gratidão!!! 😍

    • Sim, o Universo sempre nos entrega as chaves que abrem enormes portais, que nos conduzem ao próximo nível. Nós que às vezes enfiamos as chaves nos bolsos, e depois nos sentimos perdidos rsrs
      Gratidão!

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