A Pequena Alma

Hoje vou compartilhar com você uma história que muito me toca, e que gosto de contar e usar com meus amigos e clientes em momentos oportunos.

Ela se chama A Pequena Alma:

***

– Eu sei quem sou!
E Deus disse:
– Que bom! Quem é você?
E a Pequena Alma gritou:
– Eu Sou Luz!
E Deus sorriu.
– É isso mesmo! – exclamou Deus. – Você é Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.
– Uauu, isto é mesmo bom! – disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava.
A Pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era.

Então foi ter com Deus (o que não é má ideia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse:
– Olá, Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:
– Quer dizer que quer ser Quem você já É?
– Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. Quero sentir como é ser a Luz! – respondeu a Pequena Alma.
– Mas você já é Luz – repetiu Deus, sorrindo outra vez.
– Sim, mas quero senti-lo! – gritou a Pequena Alma.
– Bem, acho que já era de se esperar. Você sempre foi aventureira – disse Deus com uma risada.
Depois a sua expressão mudou.
– Há só uma coisa…
– O quê? – perguntou a Pequena Alma.
– Bem, não há nada para além da Luz. Porque eu não criei nada para além daquilo que você é. Por isso, não vai ser fácil vocˆ4e se experimentar como Quem É, porque não há nada que você não seja.
– Hã? – disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
– Pense assim: você é como uma vela ao Sol. Está lá sem dúvida. Você e mais milhões, zilhões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. Não seria um sol sem uma das suas velas… e isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto. E, no entanto, como você pode se reconhecer como a Luz, quando está no meio da Luz? – eis a questão.
– Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa! – disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
– Já pensei. Já que você não pode se ver como a Luz quando está na Luz, vamos rodeá-la de escuridão – disse Deus.
– O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.
– É aquilo que você não é – replicou Deus.
– Eu vou ter medo do escuro? – choramingou a Pequena Alma.
– Só se assim o escolher. Na verdade, não há nada de que deva ter medo, a não ser que assim o decida. Porque estamos inventando tudo. Estamos fingindo.
– Ah! – disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.

Depois, Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exatamente o oposto.

– É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é – disse Deus.
– Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois.
E por isso, – continuou Deus – quando estiver rodeada de escuridão, não levante o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão. Seja antes uma Luz na escuridão, e não fique furiosa com ela. Então, saberá Quem Realmente É, e os outros também o saberão. Deixe que a sua Luz brilhe tanto que todos saibam como você é especial!
– Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? – perguntou a Pequena Alma.
– Claro! – Deus riu-se. – Claro que pode! Mas lembre-se de que “especial” não quer dizer “melhor”! Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos se esqueceram disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando você vir que pode ser especial!

– Uau – disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. Posso ser tão especial quanto quiser!
– Sim, e você pode começar agora mesmo – disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Pequena Alma – Que parte de especial é que você quer ser?
– Que parte de especial? – repetiu a Pequena Alma. – Não estou entendendo.
– Bem, – explicou Deus – ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Conhece alguma outra maneira de ser especial?

A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.

– Conheço imensas maneiras de ser especial! – exclamou a Pequena Alma – É especial ser prestativo. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.
– Sim! – concordou Deus – E você pode ser todas essas coisas, ou qualquer parte de especial que queira ser, em qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.
– Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! – proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. – Quero ser a parte de especial chamada “perdão”. Não é ser especial alguém que perdoa?
– Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
– Está bem. É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar-me assim – disse a Pequena Alma.
– Bom, mas há uma coisa que você devia saber – disse Deus.

A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente.
Parecia haver sempre alguma complicação.

– O que é? – suspirou a Pequena Alma.
– Não há ninguém a quem perdoar.
– Ninguém?

A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.

– Ninguém! – repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que você. Olhe à sua volta.

Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que tinha se aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados – de todo o Reino – porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava tendo uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles diziam.
Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar. Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas, e a sua Luz brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.

– Então, perdoar quem? – perguntou Deus.
– Bem, isto não vai ter graça nenhuma! – resmungou a Pequena Alma – Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa parte de especial.

E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.
Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse:

– Não se preocupe, Pequena Alma, eu vou ajudá-la – disse a Alma Amiga.
– Vai? – a Pequena Alma animou-se. – Mas o que é que você pode fazer?
– Ora, posso dar-lhe alguém a quem perdoar!
– Pode?
– Claro! – disse a Alma Amiga alegremente. – Posso entrar na sua próxima vida física e fazer qualquer coisa para você perdoar.
– Mas por quê? Por que é que você faria isso? – perguntou a Pequena Alma. – Você, que é um ser tão absolutamente perfeito! Você, que vibra a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para você! O que é que a levaria a abrandar a sua vibração para uma velocidade tal que tornasse a sua Luz brilhante numa luz escura e baça? O que é que levaria você, que dança sobre as estrelas e se move pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a se tornar tão pesada a ponto de fazer algo de mal?
– É simples – disse a Alma Amiga. – Faço-o porque te amo.

A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.

– Não fique tão espantada – disse a Alma Amiga – você fez o mesmo por mim. Não se lembra?
Ah, nós já dançamos juntas, você e eu, muitas vezes.
Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas.
Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos lugares.
Só que você não se lembra. Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau – fomos ambas a vítima e o vilão.
Encontramo-nos muitas vezes, você e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.
– E assim, – a Alma Amiga explicou mais um bocadinho – eu vou entrar na sua próxima vida física e ser a “má” desta vez.
Vou fazer alguma coisa terrível, e então você pode se experimentar como Aquela Que Perdoa.

– Mas o que é que você vai fazer que seja assim tão terrível? – perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.
– Oh, havemos de pensar em alguma coisa – respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.

Então, a Alma Amiga pareceu ficar séria, e disse numa voz mais calma:

– Mas você tem razão acerca de uma coisa, sabe?
– Sobre o quê? – perguntou a Pequena Alma.
– Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não-muito-boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E, por isso, só te peço um favor em troca.
– Oh, qualquer coisa, o que você quiser! – exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar: – Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!

Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.

– O que é? – perguntou a Pequena Alma. – O que é que eu posso fazer por você? Você é um anjo por estar disposta a fazer isto por mim!

– Claro que esta Alma Amiga é um anjo! – interrompeu Deus, – são todas! Lembre-se sempre: Não te enviei senão anjos.

E, então, a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
– O que é que posso fazer por você? – perguntou novamente a Pequena Alma.
– No momento em que eu te atacar e ferir, – respondeu a Alma Amiga – no momento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento…
– Sim? – interrompeu a Pequena Alma – Sim?

A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.

– Lembre-se de Quem Realmente Sou.
– Oh, não me hei de esquecer! – gritou a Pequena Alma – Prometo! Lembrar-me-ei sempre de você tal como a vejo aqui e agora.
– Que bom, – disse a Alma Amiga – porque, sabe, eu vou estar fingindo tanto, que eu própria vou me esquecer. E se você não se lembrar de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, você pode se esquecer de Quem É, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar as duas de Quem Somos.
– Não vamos, não! – prometeu outra vez a Pequena Alma. – Eu vou me lembrar de você! E vou te agradecer por esta dádiva – a oportunidade que você me dá de eu me experimentar como Quem Eu Sou.

E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão.

E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível.

E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza – principalmente se trouxesse tristeza – a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito.

Lembre-se sempre,” – Deus aqui tinha sorrido – “Não te enviarei senão anjos“.

 

Fonte:
A Pequena Alma
Autor: Neale Donald Walsch

Foto:
Photo by Olivier Fahrni on Unsplash

 



    • E como foi lindo e mágico aquele dia, Lilica!
      Gratidão por você fazer parte do círculo das pessoas especiais que iluminam minha vida ❤️

  • que história linda….é gratificante saber que temos bons amigos e que todos são anjos em nossas vidas… sabendo respeitar cada um a sua maneira…
    Gratidão Ana pelo texto

    • Maravilhoso sabermos que somos todos anjos, e que estamos aprendendo mais e mais sobre nós mesmos com os outros…
      Gratidão por sua visita aqui, Mika!

  • Ana querida, espero que eu possa olhar para outros seres e enxergar neles os anjos de Luz que todos somos, sabendo que estamos aqui vivendo uma vida humana e cheia de aprendizado. Gratidão por compartilhar conosco e por estarmos juntas nesta vida! 😘😉🌹

    • Anjo Filó, é maravilhoso ter você na minha vida – e ter tido a oportunidade de ler esta história para você numa das nossas sessões.
      Que suas asas se abram e seu voo seja lindo, leve e repleto das belezas que você merece ver e viver!

  • Bela reflexão!

    Estou me imaginando no lugar da “pequena alma” e vendo as oportunidades de ser especial!

  • Somos especiais, criados por um Deus lindo! E Ele nos ama tanto, que nos envia amigos em forma de anjos pra cuidarem de nós, em todos os momentos. Que resplandeça a nossa maravilhosa luz, e glorifique a Deus o Pai. Assim é! 🙌✨❤🌹
    #Gratidão

  • Gratidão minha linda inspiração Ana!! Foi muito bom me lembrar de quem eu sou e dos anjos que Deus colocou ao meu lado! Muita emoção, Gratidão!🙏😍😘💖🌹🌹🍀

  • Essa história é de fato, linda. Apesar de que me é muito difícil entender a parte de que somos todos anjos, porque há coisas que sinceramente ultrapassam o meu entendimento de humanidade.

    • Você já leu o livro ou assistiu ao filme “A Cabana”, Mónica?
      Vai bem ao encontro desta sua questão 😉

  • Quanta emoção deliciosa ao percorrer meus olhos por cada linha… meu coração transbordou que não segurou tanta emoção, algumas lindas lágrimas me ajudaram a extravasar esse “ser aqui e agora” que se encheu por se reconhecer e lembrar-se de sua LUZ 🌟✨
    Gratidão Ana amada por sua contribuição que chega sempre de forma especial no momento perfeito para mim! Amo ❣️

  • Ana, sempre entro aqui pra ler, é a história que mais tocou meu coração e fez sentido pra mim sobre a criação

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